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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A surpreendente verdade sobre motivação!

24 de maio de 2010 • Diga que você pensa!

De vez em quando, surge um video na internet que vira um sucesso não porque é engraçado ou absurdo. Mas porque é inteligente, cheio de informação e bem feito. Videos como “A História das Coisas”, “Social Media Revolution” e “Brief History of Pretty Much Everything” ultrapassaram a margem de 2 milhões de exibições –cada– porque são capazes de nos ensinar muito em alguns poucos minutos.

O mais novo video a entrar no Hall da Fama dos Videos Inteligentes vem de uma palestra do Daniel Pink sobre seu novo livro Drive – The Surprising Truth About What Motivate Us.

Ainda não li Drive, a propósito, esqueci completamente que ele tinha lançado um novo livro quando fiz meus 2 últimos pedidos na Amazon. De qualquer forma, sou grato a RSA (e ao blog Dmosh, onde vi) que condensou em um ótimo video, o resumo da sua palestra feita em Londres para a própria RSA — respeitada instituição britânica. Gostaria de destacar os pontos mais interessantes do video, no velho de resumo, para aqueles que (como eu) ainda não tiveram a oportunidade de ler o fantástico livro.

Partindo da premissa que o mundo gira em torno de estímulo/recompensa, costumamos pensar que:
1. Recompensa: ajuda obter o tipo de comportamento que queremos.
2. Punição: diminui chances de alguém fazer o que queremos.

Estudo 1
Professores do MIT e da Universidade de Chicago pediram a pessoas que realizassem várias atividades, como resolver quebra-cabeças, memorizar coisas e arremessar bolas no cesto. O sistema de recompensa era o típico pódio — o melhor ganha tudo, o último é ignorado e o do meio… ok.

Resultado: nas atividades que envolviam esforço físico –”faça isso, ganhe aquilo”– quanto maior a recompensa, melhor o resultado. Porém, quando envolviam habilidades cognitivas, aumentar a recompensa piorava o resultado. Como pode?

Estudo 2
Talvez a grana não fosse importante suficiente para os americanos, então eles resolveram fazer a mesma experiência na Índia, onde $50 dólares é grana pra caramba. Pegaram três pessoas e para cada uma delas pagou-se um valor diferente para fazer o mesmo trabalho. O que será que eles descobriram?

Resultado: parece mentira, mas não é. Quem ganhou 2 salários fez pior o serviço do que aqueles que ganharam apenas meio ou 1 salário (esses dois tiverem desepempenho semelhantes).

Resumo dos estudos

•Para atividades simples e diretas, recompensa gera resultado.
•Para tarefas mais complicadas que envolvem criatividade, raciocínio e conceitos, recompensas não motivam.
•Fato: dinheiro é importante, mas como um requisito. As pessoas NUNCA ficarão motivadas se ganharem pouco.
•Pague o suficiente para que o funcionário pense em trabalho, não em dinheiro. Entre ganhar mal e ganhar muito existe um abismo.
Uma vez que se supera o “fator dinheiro”, vem a verdadeira motivação. Nenhuma empresa quer ter um funcionário pela metade, por isso tanto se fala em motivação, engajamento e outras palavrinhas da moda. Palavras não motivam nem um cachorro, o que dirá um ser-humano. O que realmente motiva são essas três “coisinhas” abaixo.

AUTONOMIA
Desejo de poder decidir suas próprias ações.

A administração impediu a autonomia quando instituiu a figura do chefe. A coisa está tão feia, que a administração precisou criar um outro nome para chefe, o líder. Ambos precisam de resultados, mas os artifícios que utilizam são diferentes. O chefe usa a obediência, o líder usa engajamento.

Para comprovar isso, Daniel Pink citou uma empresa de australiana de software chamada Atlassian, que “cedeu” 1 dia de trabalho para que os funcionários pudessem trabalhar em qualquer coisa que eles quisessem, a única regra era mostrar resultados ao final. E mais, ao final das 24 horas, haveria uma festa com direito a cerveja e bolo.

Resultado: em um único dia, a empresa conseguiu resolver vários bugs em seus programas e obteve ideias de novos produtos. Veja bem, a empresa conseguiu tudo isso sem gastar nenhum dinheiro (a não ser o da cerveja e do bolo).

E essa não é uma história isolada, há anos o Google permite que seus funcionários usem parte da carga horária de trabalho em algum projeto pessoal.

MAESTRIA
Desejo de dominar algo, de se tornar “o cara” em algo.

Daniel cita uma ideia louca que teve em 1983, ele chamou sua professora de economia e disse que tinha algo lhe incomodando, era um modelo de negócios um tanto estranho mas que ele acreditava muito: fazer um monte de pessoas altamente qualificadas, ao redor do mundo, trabalharem cerca de 20h-30h em um projeto sem receber 1 centavo. E o resultado do projeto não seria comercializado, mas distribuído também de graça. A professora quase enfartou.

Resultado: 20 anos depois, temos: Linux, Apache, Wikipedia (Wikigroup) e vários outros.

Como é possível fazer com que pessoas “trabalhem” para sua empresa de graça? Essas pessoas têm empregos, são altamente capacitadas e usam seu pouco tempo ocioso para ajudarem organizações que nem mesmo pagam um cafezinho! As pessoas fazem isso porque contribuir ajudam a dominar o que fazem. Elas sabem que são boas, mas sabem também que podem se tornar ainda melhores.

PROPÓSITO
Uma maneira de fazer as pessoas darem o seu melhor e atrair os melhores

Mais e mais empresas tentam ter um propósito. Trabalhar em uma empresa que sabe o que quer (sem ser lucro) e onde quer chegar, faz as pessoas trabalharem melhor e mais do que isso, faz as pessoas quererem trabalhar lá. Pink diz uma frase espetacular, um pouco difícil de traduzir, mas vou tentar:

“Quando a motivação pelo lucro se separa da motivação por um propósito, coisas ruins acontecem.”

Coisas ruins como produtos fracos, atendimentos que são uma vergonha e empregos tediosos. Quando o lucro não anda alinhado com a razão de existir, quando a empresa só pensa em dinheiro, nada de bom acontece. As empresas que estão obtendo sucesso hoje são maximizadoras de um propósito, não apenas de lucro. É o tipo de coisa que nos faz levantar de manhã para ir trabalhar. Algo que é fácil de ver em empresas como Apple, Starbucks e Natura.

No fim do vídeo, outra frase genial resume boa parte do que foi dito e funciona como uma recomendação para muitas empresas ao redor do mundo: “precisamos tratar as pessoas como pessoas”. A administração nos ensina muita coisa, mas não como motivar pessoas. Metas não são alcançadas apenas com premiação no final do mês, as melhores ideias não são obtidas com uma caixinha de sugestões e produtividade não nasce de um relógio de ponto. Tudo que uma empresa pode ser conquistada com uma coisa: motivação.

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